Friday, September 09, 2005

tum-tátá

tum-tátá tum-tátá

de repente estou em um grande salão de festas em viena, ah viena!, e algo que parece uma recepção para a sua excelência o embaixador da noruega. todos estão com fraques e se respira a música em todos lugares. de repente me viro para a mulher que me trouxe a esta magnífica celebração e noto o seu olhar de grande admiração/repreensão para a minha pessoa e depois de alguns grunhidos de minha acompanhante, uma bela vienese que insiste em falar aquilo que eles chamam de "idioma", percebo que estou com roupas não indicadas para a ocasião:

enquanto os outros trajam belos fraques com brilhantes faixas vermelhas ao longo do peito eu visto chinelasdecoiro-calçãoadidas-camisaregatadovachco-egorrodafiel. entro em estado de choque, mas tento me enturmar ("uma boa conversa descontraída acaba com qualquer mal-estar" me dizia o velho capitão). tento conversar com o industrial belga de vasto bigode, com a moça alemã de louras madeixas, ah! as louras madeixas..., e com o fino francês de bigode fino e de ar afetado:

apesar de utilizar de meus melhores temas("mas e esta greve dos holandeses, hã?" "mas que bela seda, é chinesa?" "mas como é o tal molho?") mas nenhum tem resultado frutífero. decido então seguir um outro conselho de meu velho amigo capitão: "quando ninguém contigo quiser falar é melhor as mãos e a bouca ocupar". apressei meu passo em direção ao garçom mais próximo e me servi de uma bebida avermelhada que estranhamente me lembrava óleo de rícino com leve pitadas de carvalho amanhecido.

os garçons viram que bebem eu ficaria quieto e parado, logo começaram a me servir muito desta misteriosa bebida, que agora parecia um suco de framboesas diluído em água do báltico e, passado algum tempo, percebi que o embaixador, que tinha belos bigodes à moda dom pedro, me lançava freqüentes piscadelas com o olho esquerdo. não dei bola a isso, o que creditei a maravilhosa bebida, que agora tinha gosto de suco de maçã da provença com pitadas de vinagre de tinto.

passado algum tempo reparei que se escutava uma música um pouco diferente.

"se eles são bonitos..."
eu conhecia aquela música
"alãn delon..."
mas não poderia ser
"se eles são famosos..."
mas, mas
"sou napoleão"
a partir daí me vi controlado por aquela música fora de seu tempo que surgia não se sabe donde "mas louco é quem me diz que não é feliz"
quando dei por minha estava no meio do salão totalmente fora-de-mim girando e cantando "NÃO É FELIZ"
então surgiu uma figura ao meu lado

"eu juro que é melhooooor" que abraçado a mim cantava junto aos berros
"não ser o normaaaaaal"
quando vi o rosto não acreditei
"se eu posso pensar que Deus sou eu"
o embaixador o embaixador(aquele bigode bagaceiro não me enganou)era quem cantava e pulava junto a mim
"E prruuuuuuuuuuuu..." e o salão todo aplaudia entusiasmadamente enquanto nós pulávamos e girávamos.

tudo foi muito lindo e magnífico!
[com exceção é claro da bela golfada dada nos seios da embaixatriz e dos conseguintes pontapés]

tum-tátá tum-tatá