Wednesday, December 07, 2005

mercadinho

uma cabeça de alho! bonita! não dá pra fazê um bom carretero sem uma cabeça de alho! porquera! compra, compra, compra alho; não adianta tão sempre usando!
Alto, bem magro, mas já com uma barriga pochete, moreno de grecin, meia idade. Bigode. Apelido: Magro. Parecia que viveu bem a década de setenta; tanto que ainda não saiu. Camisa aberta pra sair os pelos, na mão um cacho de uvas. De pé no fundo do minimercado. Falava alto como se fosse intimo. O Velho do açougue olha dizendo que não. Magro olhava com o rabo do olho para um sujeito baixo, meio careca, meio gordinho agachado pegando as frutas naquele minimercado sujo. Fazia as coisas como que não ouvi-se o outro; acatava. Apelido: Barriga.
não me vem com esse saco! ele vai amassa o cacho!
Barriga leva as coisas para o caixa.
eu vô levá aquelali: tem um gostinho diferente de limão. eu preferia a da coca, mas essa tá boa. Na verdade, eu sou pepsi e ele é coca. toda vida.
O Seco olha para ele com um olhar afetivo; sorri enquanto cospe um caroço. Pega um saco. Vão pra casa.
agora vô fazê meu carretero! tu vai vê que maravilha: o alho é fundamental! nunca comeu um tão bom!
Barriga se senta no sofá. Liga a novela e ouvi o outro; sorri. Dá uma olhada no Seco com o avental. Olha a novela. Se recosta no sofá e pega o cachorro. Afaga.
tu vai vê que maravilha de carretero!
Barriga suspira.
ah, o bom lar.

taborda e alvarenga

começava o dia como outro qualquer. era triste. todos os dias começam assim.
só idiotas acordam felizes. quem poderia ser retirado do maravilhoso mundo dos sonhos e ir contente trabalhar? taborda, o sujeito que me dá carona. não é má pessoa, mas é um pateta. e você sabe quanto mais pateta mais feliz; parece que patetas atraem felicidade. este tem felicidade para dar e vender. o filho, a mulher, o cachorro um cóquer espéniel que vou te dizer espertíssimo. ah, o maldito cachorro! nunca vi ningúem se vangloriar tanto por um pouco de pelos. aliás brilhantes e lustrosos pelos! pelos dignos de um campeão! e o pior de tudo, o nome: lólis. quem põe o nome num cachorro de lólis? num cachorro!?
mas esse é o pateta com quem eu convivo, o taborda. e ele gosta de mim. muito! eu não fiz nada, absolutamente nada!, para isso. muito antes pelo contrário, sempre procurei esculhembar ele. mas ele não entende, acha que eu gosto dele, que eu tenho muita afeição por ele!
nesse dia, como sempre, ele me ligou as 7:30, para me avisar que tinha que levantar. como sempre, as 7:43 ligou para avisar que estava saindo de casa. as 7:49 para dizer que estava chegando no meu bairro. as 7:51, como sempre, que estava chegando na minha rua. chegou na minha casa as 7:52, como sempre.
eu, que nunca tive ordem alguma, agora tinha uma outra mãe! uma mãe careca, de óculos, barriga e com um escorte na garage, mas uma mãe.
e não pense que esta fiscalização se limitava ao início do dia: no trabalho, ele sempre cuidava para eu não ficar conversando demais, para não tomar muito café te lembra do que muito café vai te fazer! não vai sair do banheiro, alvarenga... alvarenga! ninguém me chama assim. eu não gosto quando me chamam assim. mas ele me chama mesmo assim!
e anda pra cima e pra baixo comigo. pq?

Monday, December 05, 2005

aquela

mas onde mesmo?

ah o que diria...

mas o que diria meu velho
avô oficial cavalariano que
nasceu reformado
dessa gente toda que se
engalana( e por tão pouco?)

o que aquele maçom
velhaco acharia desse
povo que muito sabe
(mesmo que quando saiba
mesmo não sabe)

o que o neurastenico
(de boanoite) ia
dizer pra explicar o
que tantos

(explicam)



vô, vô... eu vou dormi