Sunday, August 05, 2007

cabeças de ovelha- parte três. onde eu entro

bom, vocês podem imaginar que as cabeças chamaram um tanto de atenção: curiosos, rádios e polícia. e todos vendo o que a polícia ia fazer; e ela agindo como sempre faz: sem a minima idéia como agir. e nesses casos, sabe menos.
e é ai que entro.
eu trabalho na polícia, mas não sou policial: um burocrata. trabalho na polícia para poder viver só e estudar o que gosto, história. e como gosto dessas coisas, os policiais me chamam, de tempos em tempos, quando aparece cabeças de animais ou coisas estranhas. mas eu gosto; é bom sair com uma sirene...
minha função, como sempre, é ver relação disso com religiões afrobrasileiras, falar com eles e dar um pronunciamento bonito para a imprensa. e eu sempre fazia isso...

Thursday, August 02, 2007

cabeças de ovelha - parte dois. o que dona leda viu

dona leda acordou, botou um abrigo, passou as mãos frias no rosto adormecido. tomou o café quente e escutou a mesma voz que escuta todas as manhãs. saiu naquela rua fria, adormecida e ainda entorpecida pela madrugada anterior. e caminhou. fez a mesma rota de sempre, mas decidiu dar uma olhada na rio; começava uma manhã tão bonita...
ela estava na altura do gasômetro e decidiu chegar mais perto.
não havia ninguém ali.
quanto mais perto chegava do rio, notava que haviam algumas moscas ali. muitas moscas.
devia ser algum animal morto ou algo assim.
ela quis ver.
se aproximou cada vez mais da pequena nuvem de moscas.

de repente viu: vinte cabeças de ovelha envolvidas em um grande lençol branco.

mensageiros do diabo! eles fazem serviços a satã para alcançar o que querem!

da. leda lembrou do pastor oscar falando dos macumbeiros.....

a unica salvação é cristo... casas de encosto só trazem a corrupção, a prostituição, sangue!

"só este tipo de gente podia fazer este tipo de coisa! só nesta cidade mesmo!"

nós somos a igreja do amor, da vida; estes só querem sacrificio, destruição!

e pensar que sua filha já tinha ido num desses lugares. mas isso ia mudar. ela ia fazer esta mudança! pela primeira vez em anos, da. leda ergueu sua voz:

- o Senhor é minha testemunha: enquanto viver, não terei descanso até acabar com esta raça de louvadores de lucifer, fornicadores preguiçosos! a batalha entre o bem e o mal chegou afinal, e ninguém é inocente! o Senhor está conosco e nada me faltará! - vociferou ela com os braços erguidos ao céu.

Sunday, June 24, 2007

cabeça de ovelha- parte um. como começa

porto alegre, dia frio...
tudo começou em um domingo de manhã. domingo de grenal, mas isso não vem ao caso. a minha história começa antes do estádio: gasômetro, beira do guaíba. e começa bem antes do jogo: seis da manhã.
nesta manhã, como em todas em mais de trinta anos, dona leda acorda as quatroemeia, toma café com cuca e sai de sua casa na rua duque de caixias as cinco para caminhar.
você pode perguntar porque ela sai tão cedo. é uma boa pergunta; porque alguém de idade, aposentada, com muito tempo livre, sai logo as cinco para caminhar?
a resposta está na família de dona leda, tanto na que ela veio quanto na que ela faz parte.
dona leda é uma senhora alemã, do interior, da colônia; ela vive para acordar cedo. de tanto seu pai falar para ela não dormir, ela se sente culpada por dormir mais do que cinco horas. e na sua idade nem precisa.
além disso, moram com ela sua filha, o marido dela e seu neto, e da. leda não entende nenhum deles.
não entende porque sua filha loira, pura e alemã casou com um brasileiro muito mais velho que não gosta de trabalhar e vive cheio de amigos suspeitos.
não entende porque sua filha passa o tempo todo falando no telefone, sendo expulsa do trabalho, não fazendo direito as coisas, não educando o filho, berrando com o marido, e passa a noite inteira gemendo em cima do marido.
não entende porque sua filha fala tanto.
não entende porque o neto só vai em casa para comer e anda com aquela gente desqualificada.
e, definitivamente, não entende porque aquela cidade berra, cospe, xinga, vomita, fede, fuma, cheira, bebe tanto.
mas dona leda encontrou duas formas de fugir disso, as louvações do pastor oscar no rádio e suas caminhadas no inicio do dia.
nessas duas coisas ela reencontrava sua cidade pequena que ela perdeu. sua juventude e suas antigas e lindas canções.
até aquela manhã de domingo...

Friday, June 15, 2007

hilton

acordo no meio da noite e chove muito.
[sonho que jogam um balde dágua do andar de cima]
decido acordar.

levanto e minha cabeça pesa [pra lá e pra cá]
meus olhos incham toda vez que tento abrir

quando abro, dou de cara com um vulto
[branco, baixo, cabeça grande, cigarro longo]
pergunto o que ele faz ali
ele não diz nada

indago de onde veio
e ele faz um circulo com as mãos
e aponta para mim

e para onde vou
ele vai

no que penso
ele está

e por mais que questione
sou sempre eu que respondo

Friday, June 01, 2007

fins acadêmicos (endêmicos)??!!

venho pensando muito a respeito do mestrado e até me decidi o q vou fazer...
e por pensar muito, fico com vontade de escrever...
e penso: uso este blog?

acho q sim, já q ninguém lê...

acho q não, pq essas coisas não importam para todo mundo...


e o q fazer?


agora?



nada.

sim...

sim, este blog está velho...
sim, faz muito tempo que não o atualizo...
sim, ninguém mais vai ver mesmo o que coloco nesta josta...

mas vou colocar mesmo assim!

Wednesday, December 07, 2005

mercadinho

uma cabeça de alho! bonita! não dá pra fazê um bom carretero sem uma cabeça de alho! porquera! compra, compra, compra alho; não adianta tão sempre usando!
Alto, bem magro, mas já com uma barriga pochete, moreno de grecin, meia idade. Bigode. Apelido: Magro. Parecia que viveu bem a década de setenta; tanto que ainda não saiu. Camisa aberta pra sair os pelos, na mão um cacho de uvas. De pé no fundo do minimercado. Falava alto como se fosse intimo. O Velho do açougue olha dizendo que não. Magro olhava com o rabo do olho para um sujeito baixo, meio careca, meio gordinho agachado pegando as frutas naquele minimercado sujo. Fazia as coisas como que não ouvi-se o outro; acatava. Apelido: Barriga.
não me vem com esse saco! ele vai amassa o cacho!
Barriga leva as coisas para o caixa.
eu vô levá aquelali: tem um gostinho diferente de limão. eu preferia a da coca, mas essa tá boa. Na verdade, eu sou pepsi e ele é coca. toda vida.
O Seco olha para ele com um olhar afetivo; sorri enquanto cospe um caroço. Pega um saco. Vão pra casa.
agora vô fazê meu carretero! tu vai vê que maravilha: o alho é fundamental! nunca comeu um tão bom!
Barriga se senta no sofá. Liga a novela e ouvi o outro; sorri. Dá uma olhada no Seco com o avental. Olha a novela. Se recosta no sofá e pega o cachorro. Afaga.
tu vai vê que maravilha de carretero!
Barriga suspira.
ah, o bom lar.

taborda e alvarenga

começava o dia como outro qualquer. era triste. todos os dias começam assim.
só idiotas acordam felizes. quem poderia ser retirado do maravilhoso mundo dos sonhos e ir contente trabalhar? taborda, o sujeito que me dá carona. não é má pessoa, mas é um pateta. e você sabe quanto mais pateta mais feliz; parece que patetas atraem felicidade. este tem felicidade para dar e vender. o filho, a mulher, o cachorro um cóquer espéniel que vou te dizer espertíssimo. ah, o maldito cachorro! nunca vi ningúem se vangloriar tanto por um pouco de pelos. aliás brilhantes e lustrosos pelos! pelos dignos de um campeão! e o pior de tudo, o nome: lólis. quem põe o nome num cachorro de lólis? num cachorro!?
mas esse é o pateta com quem eu convivo, o taborda. e ele gosta de mim. muito! eu não fiz nada, absolutamente nada!, para isso. muito antes pelo contrário, sempre procurei esculhembar ele. mas ele não entende, acha que eu gosto dele, que eu tenho muita afeição por ele!
nesse dia, como sempre, ele me ligou as 7:30, para me avisar que tinha que levantar. como sempre, as 7:43 ligou para avisar que estava saindo de casa. as 7:49 para dizer que estava chegando no meu bairro. as 7:51, como sempre, que estava chegando na minha rua. chegou na minha casa as 7:52, como sempre.
eu, que nunca tive ordem alguma, agora tinha uma outra mãe! uma mãe careca, de óculos, barriga e com um escorte na garage, mas uma mãe.
e não pense que esta fiscalização se limitava ao início do dia: no trabalho, ele sempre cuidava para eu não ficar conversando demais, para não tomar muito café te lembra do que muito café vai te fazer! não vai sair do banheiro, alvarenga... alvarenga! ninguém me chama assim. eu não gosto quando me chamam assim. mas ele me chama mesmo assim!
e anda pra cima e pra baixo comigo. pq?

Monday, December 05, 2005

aquela

mas onde mesmo?

ah o que diria...

mas o que diria meu velho
avô oficial cavalariano que
nasceu reformado
dessa gente toda que se
engalana( e por tão pouco?)

o que aquele maçom
velhaco acharia desse
povo que muito sabe
(mesmo que quando saiba
mesmo não sabe)

o que o neurastenico
(de boanoite) ia
dizer pra explicar o
que tantos

(explicam)



vô, vô... eu vou dormi